ÉTICA NOS NEGÓCIOS - ABORDAGEM UTILITARISTA

A ética empresarial e a responsabilidade corporativa devem constituir modos de autorregulação, modos que tornem possível conduzir um negócio corporativo moderno, sujeito a valores morais e sociais. 

Nos últimos anos, esse tema ocupou um lugar central nos debates públicos e no meio empresarial, como uma lição aos escândalos que acompanharam o setor empresarial e financeiro nas últimas duas décadas. 

Uma das teorias éticas que em tese, se amolda com mais facilidade ao mundo dos negócios, é o utilitarismo de John Stuart Mill, filósofo e economista político inglês que se baseou em Jeremy Bentham, filósofo e jurista, também inglês. Para o utilitarismo a ação ética adequada concentra-se nas consequências do ato, de acordo com o princípio da "felicidade máxima", aumentar o benefício pessoal, trazer o máximo de felicidade possível para o maior número de pessoas possível. Acrescenta felicidade (ou reduz o sofrimento) às pessoas no mundo, mais do que outras ações que o indivíduo poderia ter feito. 

George Edward Moore, ao descrever o utilitarismo, argumenta que um ato é correto se seus resultados são de fato melhores do que os de outro ato que poderiam ter sido realizados em seu lugar. Como nunca podemos saber quais serão as consequências de um ato (mas só podemos estimar quais serão), então quando uma pessoa está indecisa entre fazer A e fazer B, não podemos saber qual é o ato certo. Os primeiros utilitaristas faziam essa afirmação, mas parece que sua opinião real era que o "certo" e o "errado" deveriam ser atribuídos de acordo com resultados prováveis. 

O utilitarismo esforça-se em fornecer uma resposta à questão prática: O que o homem deve fazer? A resposta é que um sujeito precisa agir para maximizar a felicidade ou o prazer e minimizar a infelicidade ou a dor. Bentham e Mill acreditavam que as ações humanas são todas impulsionadas pelo prazer e pela dor, e Mill via a motivação como base para argumentar que, como a felicidade é o único fim da ação humana, a promoção da felicidade é o teste pelo qual toda conduta humana deve ser avaliada e julgada. 

Algumas questões podem ser levantadas: se a maioria das pessoas agissem dessa forma no mundo dos negócios, que tipo de ação aumentaria a felicidade de todos ou da maioria e reduziria o sofrimento? O ato serve melhor ao bem das partes envolvidas? O valor de seus benefícios é maior do que o valor dos benefícios que podem ser obtidos por meio de outra decisão? A ação resultará concomitantemente no maior lucro ou recompensa para a empresa, para os consumidores e para os parceiros comerciais? Ou afetará positivamente o lucro, e os benefícios aos consumidores, em detrimento de algumas desvantagens para os parceiros comerciais? 

São dilemas que surgem quando se trata de aplicar essa teoria aos negócios, lembrando que o utilitarismo possui várias vertentes. Ludwig von Mises, principal expoente do austro-liberalismo, posicionava-se a favor do utilitarismo, com as devidas ponderações que aqui não cabe expor.

Um excelente artigo para aprofundar a questão:

https://www.mises.org.br/article/1127/em-defesa-do-utilitarismo-de-mises



Comentários